A Presença Francesa

Nicolas Durand de Villegaingon

Nicolas Durand de Villegaingon

A presença francesa no Rio de Janeiro foi uma constante desde a época do descobrimento. A região atraiu franceses desde sempre, e estes mantiveram relações amigáveis com os nativos, ao contrário dos portugueses, colonizadores. Aliás, foi a grande frequentação francesa na região, que incitou os portugueses a se apressarem em tomar conta do local. Após dois anos da tentativa de implantação da França Antártica por Villegaignon em 1555, os franceses foram expulsos por Mem de Sá, mas muitos deles fugiram para as matas e viveram em harmonia com os índios, sendo, inclusive, seus aliados contra os portugueses. O que os franceses haviam legado, o forte de Coligny, onde é atualmente a Escola Naval no Rio de Janeiro, foi destruído, mas a quimera de manter sua presença nunca se apagou. Transformou-se, mais tarde, no século XIX, numa verdadeira influência cultural que a França exerceria sobre o Brasil.

No século XVIII, duas invasões de corsários franceses foram especialmente marcantes no Rio de Janeiro: a primeira, de Duclerc, em 1710, mas os aventureiros foram derrotados. A segunda, chefiada por Dugay-Trouin em 1711, com 6.000 homens, espalhou terror na cidade e levou pesado resgate.

O corsário Dugay Trouin

O corsário Dugay Trouin

Passada a época de colonização e espoliações piratas, já no século XIX, a corte portuguesa se transferia para a então capital do reino, escapando às invasões napoleônicas. Ironicamente – o mesmo rei D. João VI, que veio fugindo de franceses – mandou trazer a “Missão Francesa” com a finalidade de fundar-se a primeira escola de Belas Artes do Brasil. Vários dos artistas integrantes eram bonapartistas…

Entre os ilustres que chegaram nessa missão em 1816, contavam Debret e Taunay, cujo descendente viria a ser preceptor de D. Pedro II. A contribuição desses artistas foi significativa nas terras de florestas tropicais e seus vestígios ainda existem.

D. Pedro II, imperador francófilo, cultivou sempre hábitos franceses e a influência da cultura francesa na colônia, nas rodas e salões, era enorme.

No século XX, o Brasil aderiu ao Positivismo, filosofia de Auguste Comte e a primeira igreja positivista foi fundada no Rio de Janeiro, já uma cidade de cultura florescente, palco de transformações sociais. A República brasileira tem sua bandeira com a frase positivista “Ordem e progresso” e a influência da França só se tornou rarefeita depois da II Grande Guerra.

O filósofo Auguste Comte

O filósofo Auguste Comte

Recensear a presença francesa no Rio de Janeiro, todavia, é tarefa longa. Com o advento da formação de aviadores militares, uma outra missão virá ao Rio, desta vez militar, com o intuito de instruir os jovens cadetes. No Campo dos Afonsos, os primeiros pousos e decolagens acontecerão e é deste local que pilotos da Aéropostale, então Latécoère, partem numa missão de reconhecimento do céu brasileiro, em 15 de janeiro de 1925. A formação militar brasileira foi também marcada pela vinda de missões francesas e destas se inspirou. Na aviação, não seria diferente.